Inovação em tempos de crise
Inovação
Data de Publicação: 06/11/2013
O mercado global está em mudança.
Como pode a política de inovação crescer em período de crise? Este foi um dos
principais temas discutidos no segundo fórum “Open Innovation” realizado em Moscovo no final da semana
passada.
Quais são as competências que
distinguem os inovadores? Bob Metcalfe, co-inventor da ethernet e professor de
Inovação na Universidade do Texas, em Austin, responde:
“Para mim o principal diferenciador
da inovação é: aprender com os clientes, escutar atentamente. É o que ensinamos
nas nossas aulas de gestão de empresas. O mais importante é sair, sair do
escritório, e escutar os seus clientes.”
Escutar os clientes é particularmente importante em período de crise, quando há uma queda da procura e a concorrência aumenta. E é geralmente quando se atravessa um período difícil, como recorda Peter Lindholm, do Banco Mundial, que a necessidade aguça o engenho:
“Os períodos de crise são também os
melhores para inovar. Quando todos tentam sobreviver, aqueles que investiram em
inovação podem crescer bastante quando a crise chega ao fim. Quando se tem
dinheiro é nesta altura que se deve investir mais em inovação. Por outro lado,
as condições são mais favoráveis porque quando se é um feliz líder de mercado
geralmente não se olha para a inovação mas quando a sobrevivência está em causa
é preciso encontrar soluções.”
Será este o caso da Rússia? O
primeiro-ministro Dmitry Medvedev assegura que o governo está empenhado no apoio
à pesquisa e à inovação. No entanto, um relatório sobre a implementação da
política de inovação no país, publicado em abril, afirma que cerca de 60 por
cento da população não vê nenhuma mudança apesar do investimento público na
ciência ter crescido dez vezes entre 2001 e 2010, até atingir os 5,4 milhões de
euros.
O governo russo reafirma o empenho
na inovação apesar das rendas geradas pela exploração de
hidrocarbonetos:
Oleg Fomichev, vice-ministro do
Desenvolvimento Económico:
“É verdade que pode ser mais
difícil para um país apostar em inovação quando tem uma fonte permanente de
dinheiro, nas exportações de gás e petróleo. Mas isso não quer dizer que não
temos inovação. Primeiro, o setor precisa de mais inovação do que nunca, e em
segundo, o país tem muitos setores que não estão ligados à produção de
hidrocarbonetos e que trabalham diretamente nos mercados globais. É o caso das
tecnologias de informação que registaram um crescimento de dois dígitos nos
últimos dois anos.”
Há 20 anos o setor das tecnologias
de informação transformou a economia finlandesa. O país
respondeu à recessão do início dos anos 90 com investimento público na educação,
pesquisa e desenvolvimento, e em clusters inovadores. A mais recente crise e o
mercado global colocaram o país perante novos desafios. Por exemplo, a Nokia
teve que vender a unidade de telemóveis e perdeu milhares de postos de trabalho.
Mas Pekka Soini,
presidente-executivo da agência finlandesa para o financiamento da tecnologia e
da inovação (TEKES), acredita que a crise da Nokia é uma
oportunidade para a companhia e para o país:
“A Nokia reduziu muitos postos de
trabalho em Pesquisa e Desenvolvimento. As pessoas que trabalhavam na área,
cerca de 10 mil, viraram-se para algo novo, criaram as suas empresas e trouxeram
as competências em tecnologias de informação para outras indústrias. Penso que
se trata de uma grande oportunidade para transformar novamente a Finlândia em
algo novo.”
“Em períodos de crise, a inovação,
quer para as empresas quer para os Estados, não é uma despesa desnecessária,
trata-se de uma forma de sobrevivência. Como disse Bill Gates, há muitos anos, a
questão é: “inovar ou morrer!”“ – Natalia Marshalkovich, euronews,
Moscovo.
0 comentários:
Postar um comentário